TEXTO 1

A gente vê hoje um Estado que adota a política da morte, o uso ilegítimo da força, o extermínio. É o que a gente vê, por exemplo, nas favelas, nas comunidades do Rio de Janeiro, nas periferias das grandes cidades brasileiras. Não há nenhum tipo de serviço de inteligência, de combate à criminalidade. O que se tem é a perseguição daqueles que são considerados perigosos. Dentro disso vemos que a biopolítica é o sistema que organiza as políticas da vida, isto é, são as táticas que regulam que corpos devem viver e quais podem ser descartáveis, isso impacta diretamente em quais corpos tem acesso a saúde de qualidade, quais corpos não tem acesso a essa mesma saúde, e qual é o impacto que isso se dá dentro da taxa de mortalidade brasileira.

Diretamente relacionado com a biopolítica temos a realidade periférica na cidade de São Paulo, que está à margem da sociedade, ligado também a exposição da pandemia de COVID-19. Dado a grande quantidade de pessoas no mesmo espaço não se foi pensado em políticas ou táticas para a resolução desse problema se a pandemia tiver uma grande explosão dentro das periferias, assim reforçando a biopolítica, mas além dela também reforçando a necropolítica, que é a política do Estado que desumaniza pessoas negras, reforçando a construção racista da sociedade que permite a morte dessas pessoas. Porém, sem nenhuma medida de prevenção, essas mortes repetidas se tornaram parte do cotidiano do povo brasileiro, assim naturalizadas dentro da estrutura política do nosso país, pois essas pessoas estão dentro de uma faixa territorial geográfica que as coloca como marginais e merecedoras de uma não-humanização apenas por terem nascido em lugares tidos como marginais e pela cor de seus corpos. Graças a herança escravagista que o Brasil construiu e continua construindo situações como essas são consideradas não questionáveis, pois as pessoas negras já são por si só suspeitas, apenas por terem nascidas onde e como são e isso comprova automaticamente que tudo que acontece com eles é por merecimento.

Então a não importância e a não resolução dos problemas faz com a parte mais rica da sociedade lide de forma desonesta em relação aos surtos e epidemias que chegam as pessoas mais pobres e mais exposta da sociedade.

Analisando o período delicado que estamos, é nítido perceber as diferenças comportamentais dentro da sociedade e como esses comportamentos tem relação direta com classe dessas pessoas. Quem está conseguindo lidar com a pandemia de uma forma mais tranquila e respeitar a quarentena rigorosamente são, em sua maioria, pessoas com mais recursos e consequentemente são as que não dependem de serviços públicos como saúde e transporte, por exemplo. Vemos assim o quanto é muito importante a existência do Sistema Único de Saúde no Brasil, pois muitas pessoas ainda estão desenvolvendo atividades em seus trabalhos, em peso pessoas que atuam em serviços básicos, potencialmente expostas ao COVID-19.

A questão de saúde pública está automaticamente ligada a quem está à frente de um país, e quando estamos em períodos críticos como esse, está mais relacionado ainda com o posicionamento político de nossos representantes, porque são essas figuras que tomam importantes decisões, que em situação de calamidade, podem salvar ou não a vida das pessoas de sua nação. Importa que os chefes de estado realmente representem os interesses do povo.

Carolina Maria de Jesus dizia que “O Brasil precisa ser dirigido por alguém que já passou fome”, sua fala reflete no papel que exerce um presidente da República, pois se colocar à frente de um país é pensar em um bem estar coletivo, porém para conseguir entender a realidade do povo com propriedade não basta apenas ouvir, mas vivenciar. Só entende a urgência da fome quem já a viu de perto, no limite, quem a experienciou. Então entender a realidade do povo à distância talvez não seja realmente entender e sim imaginar que sabe o que seja, pois já leu sobre ou já ouviu falar. Isso não quer dizer que quem não passou fome não sabe lidar com os problemas da população, mas quer dizer que talvez não se dê a real importância por nunca ter precisado tanto quanto as pessoas com uma realidade precária, fazendo com o que problemas que sempre foram presentes na sua vida se tornem suas prioridades dentro de um governo.

É importante pontuar que quando se está a frente de um país as necessidades que devem ser colocadas como prioridade são as de todos, olhando sobretudo para as pessoas em maior situação de vulnerabilidade, o que não quer dizer não incluir as pessoas que tem mais recursos e sim pensar em como a desigualdade social funciona e tentar ao máximo minimizá-la num primeiro momento. Contudo, isso só funciona quando você entende realmente a realidade do país em que está a frente.
Necropolitic, por Achille Mbembe. 2011


Por Jéssica Campos.
Referências:
MBEMBE, Achille. Necropolitic. 2011 https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/04/03/o-que-necropolitica-tem-a-ver-com-a-pandemia-e-com-falasde-bolsonaro.htm
https://ponte.org/o-que-e-necropolitica-e-como-se-aplica-a-seguranca-publica-no-brasil/

TEXTO 2

TEXTO 3

TEXTO 4

Os textos apresentam formas de linguagem diferentes. Confira abaixo cada uma delas.

I. Verbal que usa da palavra para a comunicação tanto escrita quanto dita.

II. Não verbal é o não uso da palavra na escrita e na oralidade, então são imagens, quadros, placas, emojis, estátuas e entre outras coisas.

III. Texto misto é aquele tem linguagem verbal e não verbal juntas no mesmo texto.

Responda

1) Após entender o que é um texto verbal, um texto não verbal e o texto misto, analise todos os textos que foram disponibilizados e que identifique quais são textos verbais, textos não verbais e textos mistos que foram lidos e estudados até agora. Escute o Podcast “Fala Carolina!”, leia os textos 1, 2, 3 e 4 identifique os respectivos textos corretamente:

A) Dois textos verbais e três textos não verbais e nenhum texto misto

B) Dois textos não verbais, um texto não verbal e dois textos mistos

C) Três textos mistos, um verbal e um não verbal

D) Três textos mistos, dois verbais e nenhum não verbal

Considere o texto abaixo para responder a questão 2

As charges costumam retratar situações que estejam acontecendo no momento de uma forma muito direta e específica. Geralmente são acompanhadas de sátiras (ironias, ridicularização de vícios e imperfeições) e os personagens podem ser figuras públicas como o presidente, apresentadores de televisão, artistas famosos. É muito utilizada para críticas sociais, política e econômicas.

Os cartuns são textos humorísticos que tem como característica histórias breves a respeito do comportamento humano. Eles também falam de acontecimentos do momento e dos costumes humanos de uma forma mais cômica/engraçada, mas são situações que poderiam acontecer não necessariamente em forma de crítica.

As tirinhas são como história em quadrinhos, porém mais curtas, também fazem críticas aos valores sociais. Normalmente com uma sequência de quadrinhos que formam uma tira, mas não necessariamente tem uma sequência, porém sempre existe o formato de uma tirinha.

2) Após a leitura do enunciado e dos textos responda qual é a ordem CORRETA que corresponde às leituras que você fez do TEXTO 2, 3 e 4:

A) TEXTO 2 TIRINHA, TEXTO 3 CHARGE, TEXTO 4 CARTUM

B) TEXTO 2 CARTUM, TEXTO 3 TIRINHA, TEXTO 4 CHARGE

C) TEXTO 2 CHARGE, TEXTO 3 TIRINHA, TEXTO 4 CARTUM

D) TEXTO 2 CHARGE, TEXTO 3 CARTUM, TEXTO 4 TIRINHA


Considere a letra de música a seguir para responder às questões 3 e 4.

Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga por quê
Me diga por quê
Você anda tão triste? Tão triste
Não pode ter nenhum amigo
Senhor cidadão
Na briga eterna do teu mundo
Senhor cidadão
Tem que ferir ou ser ferido
Senhor cidadão
O cidadão, que vida amarga
Que vida amarga

Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição?

Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantas mortes no peito
Com quantas mortes no peito
Se faz a seriedade?

Senhor cidadão
Senhor cidadão
Eu e você
Eu e você
Temos coisas até parecidas
Parecidas Por exemplo, nossos dentes
Senhor cidadão
Da mesma cor, do mesmo barro
Senhor cidadão
Enquanto os meus guardam sorrisos
Senhor cidadão

Os teus não sabem senão morder
Que vida amarga

Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição?

Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Se a tesoura do cabelo
Se a tesoura do cabelo
Também corta a crueldade

Senhor cidadão
Senhor cidadão
Me diga por quê
Me diga por quê
Me diga por quê
Me diga por quê


Tom Zé. Senhor Cidadão. Disponível em: http://mpb.net.com.br Acesso em 06 abr. 2020.

3) Nesta música, podemos observar que são feitos questionamentos carregados de crítica a um cidadão, sobre os quais não há respostas. Nesta situação, que figura representa o emissor das perguntas e para qual figura elas são feitas?

A) o povo para uma autoridade política
B) um juiz durante um interrogatório a um réu
C) um pai para seu filho
D) um professor para um aluno

4) Senhor Cidadão foi gravada pelo autor Tom Zé em 1971, durante o período da ditadura militar (1964-1985). O papel exercido por essa composição, nesse contexto, foi o de

A) entretenimento para grupos intelectuais
B) denúncia da situação social e política do país
C) crítica à passividade do povo
D) valorização do progresso econômico do país

5- Redação

https://prezi.com/view/folNFwppvJjTTwhf1chV/

Instruções

Texto motivador:
“Nesse quadro mundial de crise, as disputas sobre o custo, e sobre quem paga o custo, da pandemia, é o aspecto central da luta de classes no atual cenário mundial, pondo, desta vez, em jogo a vida e a sobrevivência da maioria dos explorados. Exemplos históricos não faltam. As pestes e pandemias do passado não “unificaram”, como se costuma propalar, a sociedade, mas, a contrário, a dividiram e enfrentaram como nunca antes: a “Peste Negra” de 1347-1350 presidiu e acelerou o declínio da ordem feudal na Europa (e foi o pano de fundo da ascensão de novas classes sociais, das lutas entre as quais a burguesia capitalista emergiu finalmente como vitoriosa); a “gripe espanhola” de 1918-1921, contra o pano de fundo das destruições provocadas pela guerra mundial, viu uma onda revolucionária varrer a Europa e o mundo, da qual a Revolução de Outubro e sua consolidação foi a expressão mais avançada.”


(Trecho do texto publicado no facebook por Osvaldo Coggiola, Professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo)

Proposta de redação:

Agora que já leu o texto motivador e ouviu o podcast, você viu que estamos diante de um grande desafio relacionado não somente à qualidade e ao acesso ao SUS, mas também à continuidade de um Sistema Único de Saúde que é fundamental para a vida de muita gente. Então, que tal produzirmos um conteúdo para praticarmos a escrita e também expressarmos nosso ponto de vista em relação ao tema proposto? Então, vamos lá! Diante da sua experiência de vida, do atual cenário que vivemos – pandemia do coronavírus – e o sucateamento do SUS, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A luta não pode parar: a pandemia do coronavírus e acesso ao SUS.” Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defender seu ponto de vista. E não se esqueça de apresentar uma proposta de intervenção na sua redação.

Solicitamos que os alunos escrevam a redação à mão, em uma folha de caderno, e nos mandem foto para que possamos nos ater às regras da redação do ENEM, uma vez que um texto escrito num documento do word extrapolaria o limite pedido.

Para que possamos corrigir sua redação, por favor encaminhe para:
redacaocarol2020@gmail.com

As redações devem ser enviadas no máximoaté 13/04. O prazo para correção pode variar de uma a duas semanas de acordo com o volume de redações recebidas, informação que será disponibilizada a cada nova semana.






Gabarito
1- D
2- C
3- A
4- B

Para baixar este conteúdo em pdf clique aqui